sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Rede das Aldeias do Xisto estabelece parceria com o Museu de Roros (Noruega)

Um projecto com o Museu de Roros, cidade património mundial, mostra que em vez de gastar dinheiro em novos materiais, mais vale investir em artesãos para recuperarem o que já existe.
A Rede das Aldeias do Xisto apresentou um projecto conjunto com o Museu de Roros, cidade norueguesa classificada pela UNESCO como Património da Humanidade, para restauração de 80 casas da rede. "Este projecto tem como objectivo olhar para as casas de xisto deste território com uma perspectiva patrimonial e não utilitária", disse Paulo Fernandes, presidente da Pinus Verde.Ou seja, o projecto vai aliar os conhecimentos beirões no tratamento da pedra ao "know-how" norueguês no trabalho em madeira vai restaurar as casas, em vez de as requalificar. "Numa requalificação habitual, possivelmente as portas e janelas eram todas substituídas por novas, em vez de se recuperarem os materiais antigos, como acontece no restauro", exemplifica, junto a uma casa em Janeiro de Cima (Fundão) onde artesãos dos dois países ensaiam algumas técnicas.“
”Contas feitas, um trabalho de restauro custa quase o mesmo que obras de requalificação, mas enquanto que o valor é dividido a meio pela mão-de-obra e materiais, "num restauro investe-se até 70 por cento no trabalho dos artesãos e só o restante em materiais". Assim é criada riqueza a nível local, ao mesmo tempo que diminuem os desperdícios resultantes das obras. "É uma aposta na sustentabilidade", conclui Paulo Fernandes.
A rede de Aldeias do Xisto é dinamizada pela associação de desenvolvimento Pinus Verde e inclui 24 povoações distribuídas por 14 municípios do Pinhal Interior, na Região Centro.
Ao longo dos últimos anos o território tem sido alvo de acções de recuperação das tradições, valorização do património arquitectónico e dinamização das artes e ofícios tradicionais.O financiamentoO projecto das Aldeias de Xisto com o Museu de Moros é financiado com um milhão e 400 mil euros pelo Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu (EEA Grants), do qual Portugal é beneficiário. Municípios e proprietários dos imóveis vão poder candidatá-los ao restauro. O projecto decorre até 2010 e prevê ainda a formação de artesãos e a divulgação das práticas de restauro.

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