terça-feira, 3 de outubro de 2006

Naturtejo pertence à Rede Global de Geoparques da UNESCO

O Geopark Naturtejo da Meseta Meridional está oficialmente integrado na Rede Europeia Global de Geoparques da UNESCO, desde a cerimónia oficial que decorreu no II Encontro Internacional de Geoparques, realizado em Belfast, Irlanda do Norte, entre os dias 18 e 22 de Setembro, e que contou com a participação desta empresa intermunicipal de turismo, sendo actualmente o único representante Português na organização.

Para Armindo Jacinto, Presidente da Naturtejo, “a participação neste encontro foi importante porque permitiu conhecer os modelos de actuação e de funcionamento dos nossos congéneres, perceber como funcionam os nossos parceiros, de forma a obtermos o máximo de sucesso com o nosso Geoparque”.

Esta cerimónia, que marcou a entrada de novos geoparques na Rede, entre os quais o da Naturtejo, decorreu no final do passado dia 20 e ficou marcada pela entrega aos novos membros de uma placa comemorativa e certificado em cerimónia oficial, organizada pela Global Geoparks Network.

À semelhança do que sucedeu com o Geopark Naturtejo, mais quatro geoparques europeus (três espanhóis e um norueguês), um brasileiro e seis chineses também foram integrados na referida Rede Global, que conta actualmente com 50 geoparques .

Refira-se que, esta conferência foi organizada pelo Geological Survey da Irlanda do Norte, em parceria com o Marbel Arch Caves European And Global Geopark e contou com a presença de 320 participantes, oriundos de 40 países. Este revelou-se como uma oportunidade única para trocar ideias, informações, experiências e opiniões na criação e operacionalidade dos geoparques, um novo desafio na gestão do património da Terra.

A candidatura Portuguesa mereceu os mais rasgados elogios, pelos representantes da UNESCO, na Global Geoparks Network, tendo mesmo marcado, segundo a mesma organização, uma nova etapa na mesma rede.

Em representação de Portugal, esteve presente uma forte delegação, composta por dez elementos, que pertenciam ao Geopark Naturtejo, à Comissão Nacional da UNESCO, à ProGeo – Portugal, à Universidade do Minho, ao Jornal Reconquista e não podendo estar presentes, os Senhores Secretários de Estado do Turismo e Ambiente fizeram chegar mensagens de apoio.

Para além do presidente da Naturtejo e do geólogo coordenador deste projecto, Carlos Neto Carvalho, também marcaram presença neste evento Gabriela Tsukamoto, presidente da Câmara Municipal de Nisa, e Rui Marques, consultor da empresa intermunicipal na área da gestão e marketing. A autarca pretende “ que o Geopark, que integra o seu município, venha a tornar-se uma referência a nível internacional”, informando que “a aposta na valorização a nível ambiental e paisagístico tem sido uma preocupação do seu concelho, que começou com a aprovação do plano de valorização Turístico e Ambiental do Tejo e de Sever, o qual visava uma intervenção arqueológica e antropológica”. A presidente explicou ainda que “as Portas de Ródão, o Conhal do Arneiro e os afloramentos rochosos são locais com interesse geológico do concelho de Nisa que integram o Geopark Naturtejo”.

Para Rui Marques, docente na Faculdade de Ciências de Lisboa, “o envolvimento da população local neste projecto é fundamental”, acrescentando que “ as pessoas devem sentir que o Geopark constitui uma excelente oportunidade para melhorarem a sua qualidade de vida”.
O conceito geoparque tem-se vindo a afirmar a nível mundial, sendo evidenciado pela existência de geoparques na China, na Alemanha e Reino Unido, países onde a cultura para a conservação da natureza e do espaço natural está implementada e associada ao desenvolvimento local, que assenta no ecoturismo. O sucesso deste conceito verifica-se também pelo número de candidaturas apresentadas à Rede, oriundas da Europa, América, Oceania, África e Ásia, bem como pela expressão de interesse demonstrada por países dos cinco continentes.

Com a aprovação e reconhecimento do primeiro geoparque português na Rede, a Naturtejo e todos os agentes económicos deste território, têm agora a oportunidade de através do produto “Turismo de Natureza”, aproveitar o mercado global que esta rede representa, como destino de excelência, sob os auspícios da UNESCO. Todo o trabalho estruturado pela Naturtejo, até esta data, visou encontrar uma estratégia, que nos pudesse colocar bem posicionados num mercado global. A partir desta data há que continuar a estruturar este trabalho, visando atingir este objectivo com sucesso, tendo como tarefas por exemplo o desenvolvimento nas áreas da comunicação, a montante e jusante, como seja a sinalização do território e do património existente, a criação de centros e circuitos interpretativos e a promoção do seu território de actuação.

Fundamental, para o bom sucesso desejado, é necessário implementar programas, animação e percursos turísticos no território, como a “Rota da Gardunha”, a “Rota da Geologia e Arqueologia do Ródão”, a “Rota dos Barrocais”, a “Rota Segredos do Vale de Almourão”, a Rota d`Agua Alta, alguns dos desafios na Região Naturtejo, aos quais se juntam a criação de centros interpretativos e espaços museológicos, como o Núcleo do Paleozóico, o Núcleo Geomineiro de Idanha e o Centro de Interpretação de Foz do Cobrão, entre outros já em funcionamento. Pretende-se junto dos públicos a atingir, ter uma programação que reflicta a excelência do património natural e histórico-cultural.

Assim, o Geopark traz novas responsabilidades às entidades envolvidas em termos de ordenamento do território, destacando-se a aposta na interpretação dos geo-monumentos identificados, sendo de realçar a implementação da “Agenda Local XXI” pelas autarquias, que vem melhorar alguns aspectos nesse sentido.

Com a aprovação do Geopark, a região Naturtejo beneficia de forte imagem a nível internacional, mas fica igualmente responsabilizada a atingir o objectivo de implementar um desenvolvimento sustentado, no seu território, em benefício das populações aqui residentes e preservando a sua mais valia, “o património”. O sucesso desse objectivo, será alvo de uma nova avaliação pela UNESCO, no ano de 2009. Durante este período, para além das acções desenvolvidas no território, os representantes do geoparque português terão um papel decisivo na gestão da Rede Europeia.

Carlos Neto Carvalho, director técnico deste trabalho, encara o Geopark Naturtejo “com grande optimismo, desde o seu início, caracterizando-o como um projecto arrojado para o país”. O geólogo acrescentou ainda que “temos o nosso património geológico e os valores envolventes certificados pela marca de excelência da UNESCO, mas somos forçados por esta organização a desenvolver estratégias que promovam estes espaços naturais de uma forma sustentável”.
Os seis concelhos integrados nesta empresa intermunicipal, nomeadamente Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Nisa, Oleiros, Proença-a-Nova e Vila Velha de Ródão, também ganham com a promoção em rede em 50 geoparques, espalhados por 15 países, que se encontra em franca expansão.

A conservação da natureza e do património histórico-cultural aliada ao desenvolvimento regional sócio-económico sustentável é assim a grande mais valia deste projecto, que por ser pioneiro em Portugal e por se desenvolver no seio de uma rede internacional também é vantajoso para a promoção do “turismo de natureza” a nível internacional.

O Geopark Naturtejo promove um circuito de 16 geo-monumentos únicos, interligando a geo-diversidade com o património biológico e histórico-cultural, não se limitando apenas à conservação dos aspectos geológicos, mas englobando um conjunto de muito bons valores que se associam.

Como explica Armindo Jacinto “com este projecto pretende-se incentivar o sector privado a investir na região”, acrescentando que “ precisamos de ter investimento e dimensão ao nível da oferta hoteleira, da animação, restauração e serviços, como o artesanato, produtos regionais de qualidade, etc.”.

A finalizar este encontro bienal, internacional, a Naturtejo participou conjuntamente com outras delegações de outros países numa visita ao Marbel Arch Caves European And Global Geopark, situado no sudoeste da Irlanda do Norte, com o objectivo de analisar em conjunto modelos de gestão, conservação e marketing do referido geoparque e da sua região de influência.
Fonte : Naturtejo

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